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TEXTO NARRATIVO

Características e elementos do texto narrativo.


Existem três tipos de textos: o narrativo, o descritivo e o dissertativo. Hoje queremos dedicar-nos ao texto narrativo. Que tipo de texto é esse? De quem é a voz? Que tipo de conteúdos abarca? Quais são seus objetivos? 

Cabe observar aqui também que é muito difícil encontrar e elaborar um texto puramente narrativo, descritivo ou dissertativo, porém sempre se percebe a predominância de um tipo de modo.

A NARRAÇÃO é o tipo de texto que conta uma experiência vivida por algum personagem em um certo espaço e tempo. A história é narrada por uma voz presente no texto. É muito comum que dentro da narração existam trechos descritivos que possuem a função de colocar o leitor na cena, no momento e lugar onde tudo aconteceu ou está acontecendo.

 

A VOZ  do texto é quem traz o foco narrativo, dependo da posição do personagem na história sua ótica será diferente, podendo ser narrada em primeira pessoa ou em terceira pessoa. Quando a voz está narrada em primeira pessoa, no singular ou plural, eu ou nós, o personagem-narrador está presente e conta sobre sua vivência. Quando a voz está narrada em terceira pessoa, singular ou plural, ele/ela ou eles/elas, o narrador não está presente no acontecimento, ele é um observador. Muitas vezes este narrador possui uma ótica ampla, possui conhecimentos de todos os fatos ocorridos na história sem ter estado presente em nenhum deles. 

 

O CONTEÚDO de um texto narrativo pode estar dentro de fatos reais ou dar lugar à imaginação e à criatividade. Podemos observar narrativas em textos jornalísticos, históricos, bibliográficos e novelas entre outros. O enredo deste tipo de texto pode estar organizado de diferentes maneiras. É muito característico a presença de uma apresentação dos personagens e lugar onde tudo ocorre, um conflito, uma busca de solução, um ponto de muita emoção e resolução e a solução do problema. 

 

OBJETIVA OU SUBJETIVA, a narração pode tomar um desses dois caracteres. A narrativa objetiva tem a função de contar um fato de forma impessoal e com uma narrativa direta. Este caráter pode ser observado em textos que buscam ser objetivos sobre os fatos ou notícias. A narrativa subjetiva tem a função de contar os fatos de maneira pessoal, o personagem-narrador se coloca partícipe nas emoções referentes aos acontecimentos.

 

O que você acha de começar a escrever suas narrativas? Observe os lugares por onde você anda, lembre de um lugar especial, crie personagens, descreva pessoas que são “uns personagens” e a partir disso registre suas experiências, dê asas, papel e caneta (se você é da velha guarda) ou teclado à sua imaginação.

Deixamos logo abaixo, a modo de exemplo,  um texto narrativo elaborado por uma aluna do nosso curso de nível avançado superior, Sandra Moreira. Este texto foi produzido a partir da proposta de uma tarefa do livro Brasil Intercultural (Ciclo Avançado Superior). Na tarefa, o aluno a crônica de Affonso Romano de Sant’Ana que foi publicada em uma revista contemporânea de moda e comportamento. Com base no que leu, ele deverá escrever um texto que responda ao tema “ o que é que lhe incendeia?», com o propósito de ser enviado à campanha da revista para posterior publicação.


O que é que me incendeia

Quando eu penso naquelas coisas que me fazem vibrar ao ponto de me incendiar não posso deixar de relembrar as palavras de Eduardo Galeano.  Ele expressa no Livro dos abraços: “O mundo é isso, revelou, um monte de gente, um mar de pequenos fogos. Cada pessoa brilha com sua luz entre todas as demais. Não tem dois fogos iguais….”

Esta peculiar visão da sociedade nos mostra que aquilo que nos diferencia dos animais e nos fazem únicos como espécie é essa capacidade de nos incendiar, de nos apaixonar, de aproveitar ao máximo a vida.

Mas, como diz Galeano: não há dois fogos iguais. Todos somos diferentes, únicos. Por isso cada um de nós tem um brilho diferente, assim também como são diferentes as coisas que alimentam o nosso fogo interior.

Eu me pergunto: qual será minha luz? De que forma se percebe meu brilho desde o Céu?  Qual será a cor dos meus incêndios?

E o mais importante: Quais são os motivos que me fazem brilhar às vezes com um fogo mais forte e outras com mais leveza? O que é que me incendeia? O que me enche de alegria?

Relembrando minha história de vida, tenho percebido que no decorrer da mesma, mudaram as coisas que me fazem incendiar.  Talvez não sejam todas, mas a maior parte mudou. Porque a vida é dinâmica, não só mudamos fisicamente, mas também mudamos enquanto a gostos e preferências.


Mas nesse fluxo da vida temos sempre a mesma essência e portanto é possível que alguns dos nossos incêndios da adolescência possam seguir vivos na maturidade e até na velhice.

Fora isso, nossos incêndios podem aparecer em distintos momentos, por diferentes causas e também até por acaso; quando menos esperamos, uma chispa aparece, e depois outra, e logo o incêndio e irreprimível.

Muitas coisas podem me incendiar, às vezes coisas mais complexas e outras mais simples.

No meu trabalho de professora eu sentia o fogo chegar. Eu percebia essa transformação. Esta é uma das minhas paixões que tem se mantido no tempo. Eu sempre adorei ensinar. Já com 12 anos comecei a ajudar os meninos da minha vizinhança com os deveres de casa.  Primeiro chegou um amigo de meu irmão mais novo, depois veio outro amigo, o primo, e sei lá, foram muitos. E assim, por acaso eu descobri uma de minhas paixões, um dos meus fogos interiores.

Mas muitas outras coisas podem me incendiar: quando estou com as mãos sujas de terra plantando uma roseira ou fazendo a horta e imaginando a coleta sinto o fogo chegar.

Me incendeia uma conversa com amigos, um bom filme com pipoca e boa companhia e até sozinha. Me incendeia sair para caminhar com meu cachorro e compartilhar meu sofá com o gato. Me incendeia uma saída de mãe e filhas, brincar com meus netos.

Me incendeia viajar de avião ou de carro ou de ônibus, longe ou bem mais perto, sozinha ou acompanhada. Me incendeia viajar!


Me incendeia ler um bom livro, tomar sol na praia. Me incendeia a lareira acesa num dia frio de inverno, um mate ao final da tarde, uma taça de vinho.

Para nos incendiar não é necessário fazer uma caminhada pelo Sahara nem subir ao Monte Everest. Só precisamos enxergar essas pequenas coisas boas da vida e valorizá-las. 


A maioria das vezes andamos envolvidos em tanta correria, preocupados com o passado, com o futuro, que não paramos para prestar atenção nesses pequenos milagres que fazem nosso coração vibrar. Temos que ouvir essa voz interior que nos vincula àquilo que nos faz sentir, porque é isso que nos movimenta e nos fazem seguir adiante com ânimo, esperança e coragem. 

Temos que ficar atentos para escutar os nossos corações e deixar nossos fogos se manifestarem porque esses incêndios dão sentido a nossa vida, nos humanizam. É essa capacidade de vibrar com o que fazemos o que nos transforma em seres únicos. Essa virtude nos faz transcender como espécie.

Sabemos que a nossa existência vale a pena se somos capazes (e aqui volto às palavras de Galeano) de “arder a vida com tanta paixão “que os demais não possam mirar-nos “sem pestanejar” e que aqueles que se nos aproximem “se incendeiem”.